23 de janeiro de 2010

sinfonia do amahecer

imaginar-te de sonho em sonho
num desalinhar lento que descortina a vida
e sentir o pelo ascender ao desejo
o eriçar o sucumbir dos teus gestos em meu corpo
no deslizar suave das mãos
destilando em chamas
a ardência que afugenta a palidez da pele
tingir em rubor e intensidade uma paixão
inserir entre olhares e penumbra
um sorriso adocicado que antecipa
o êxtase do gozo premeditado
o cerrar dos olhos nossos vultos
tatuados em sombras na parede
um gemido a fugir dos lábios
e dar lugar ao beijo teu sabor
um momento inequívoco
de pertencer-te parte a parte
minhas entranhas a apalparem-te
e receber-te pulsante pleno de mim
o meu olhar ao te sentir louco e alucinado
invadindo a calma do sorriso
e um furor num deleite atentado
premeditado e impossível
pereniza o momento em eternidade
de em teu corpo infinitas vezes
sonhar e fazer-te poesia
dedilhando poro a poro os versos
que rimam com nosso desejo
mistérios que desfolhados no destilar do tempo
executam pele a pele esplêndida sinfonia
numa harmonia que celebra
em toques celestiais e delicados
o paradoxo do clímax consagrado
da sorte e presente de existirmos
mutuamente impossíveis e enlaçados em fantasia
onde um suave e lenitivo amanhecer
revela-se por entre o balançar da cortina
quando a manhã nos brinda em leve brisa
uma caricia meu corpo unido ao teu
é quando olhas o final das palavras
e percebes que já sou eu a fazer parte de ti
e é assim que perecemos os dias
unidos e em silêncio

© Clivânia Teixeira

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