24 de junho de 2014

Pelas caminhadas das descobertas ...



14 de março de 2014

Namorar

tocar nas mãos e sentir na pele
a seiva que dilata as veias
sentir no rosto o sopro
do arfar de uma respiração
que pulsa ou alivia o intumescer de poros
vislumbrar entre olhares tímidos
o indizível das palavras
traduzir os rubores nos rumores
das sensações que transcendem as cores
vislumbrar o desnudar lento e paciente
das partes que lentamente nuas
revelam-se vulneráveis e inocentes
aos apelos ardentes da paixão
murmurar entre línguas e dentes
o fluir das sensações adormecidas
deslizar entre lábios úmidos
o entrelaçar de gemidos e beijos
nas bocas que saboreiam
o soletrar das sílabas da paixão
mergulhar no éter
e sentir a lua enternecida,
guarnecida de noite a caminhar entre estrelas
perceber-se como se ela própria fosse,
na cumplicidade dos mistérios
que somem no amanhecer dos dias
perceber-se o próprio dia despertar
sob os raios flamejantes do sol
um celebrar inconsumível de êxtase
do comungar dos seres, do sol e lua
indestrutível sintonia que paira no cosmo,
tal qual um eclipse perene de nós



Sinfonia do Amanhecer

imaginar-te de sonho em sonho
num desalinhar lento que descortina a vida
e sentir o pelo ascender ao desejo
o eriçar, o sucumbir dos teus gestos no meu corpo
no deslizar suave das mãos, destilando em chamas
a ardência que afugenta a palidez da pele
tingir em rubor e intensidade uma paixão,
inserir entre olhares e penumbra
um sorriso adocicado que antecipa
o êxtase do gozo premeditado
o cerrar dos olhos, nossos vultos
tatuados em sombras na parede
um gemido a fugir dos lábios
e dar lugar ao beijo, teu sabor
um momento inequívoco
de pertencer-te parte a parte
minhas entranhas a apalparem-te
e receber-te pulsante, pleno de mim
o meu olhar ao te sentir louco e alucinado,
invadindo a calma do sorriso,
e um furor num deleite atentado
premeditado e impossível
pereniza o momento em eternidade
de em teu corpo infinitas vezes
sonhar e fazer-te poesia,
dedilhando, poro a poro, os versos
que rimam com nosso desejo
mistérios, que desfolhados no destilar do tempo,
executam, pele a pele, esplêndida sinfonia
numa harmonia que celebra
em toques celestiais e delicados
o paradoxo do clímax consagrado
da sorte e presente de existirmos
mutuamente impossíveis e enlaçados em fantasia,
onde um suave e lenitivo amanhecer
revela-se por entre o balançar da cortina,
quando a manhã nos brinda em leve brisa
uma caricia, meu corpo unido ao teu
é quando olhas o final das palavras
e percebes que já sou eu a fazer parte de ti
e é assim que perecemos os dias
unidos e em silêncio


Etéreo

vaga é toda a existência
entre a terra e o azul
volitamos em mistérios e buscas
o que somos nos aprisiona
o que não somos
nos lança ao infinito
de uma vã filosofia

12 de março de 2014

Quase Dormir

a noite esvai-se
num dormir leve
o olhar semicerrado
contempla a alma
na penumbra do íntimo
articulam-se gestos
formas estranhas
que amanhecem poesia
insônia e desassossego
o murmúrio da chuva
acorda sensações
que morosamente calmas
dedilham num piano qualquer
acordes da vida

Finito e Perpetuado


é um poema
primavera da memória
onde toda lembrança é afago
de sutis fragrâncias
nas sementes que eclodem
palavras aos ventos
feito enlace de essências
aromas e carícias voláteis
etéreos toques borboletas
que em pétalas permanecem
num sussurro submerso
um suspiro no inverso
das intenções veladas
no zênite de seres
em mãos dadas que sabem
o incompartilhável vôo
nesses jardins do indizível
onde tudo recomeça
no infinito do fim
que se parece eternidade

Porto Recomeço

tudo é silêncio na calma
que habita esse instante
sussurros de emoções
reencontro em sílabas aladas
na asa da imaginação
um vislumbre de versos
na aurora palavras nascentes
retorno migratório
da memória de um tempo
em que tudo era nada mais
que um poema inacabado