14 de março de 2014

Namorar

tocar nas mãos e sentir na pele
a seiva que dilata as veias
sentir no rosto o sopro
do arfar de uma respiração
que pulsa ou alivia o intumescer de poros
vislumbrar entre olhares tímidos
o indizível das palavras
traduzir os rubores nos rumores
das sensações que transcendem as cores
vislumbrar o desnudar lento e paciente
das partes que lentamente nuas
revelam-se vulneráveis e inocentes
aos apelos ardentes da paixão
murmurar entre línguas e dentes
o fluir das sensações adormecidas
deslizar entre lábios úmidos
o entrelaçar de gemidos e beijos
nas bocas que saboreiam
o soletrar das sílabas da paixão
mergulhar no éter
e sentir a lua enternecida,
guarnecida de noite a caminhar entre estrelas
perceber-se como se ela própria fosse,
na cumplicidade dos mistérios
que somem no amanhecer dos dias
perceber-se o próprio dia despertar
sob os raios flamejantes do sol
um celebrar inconsumível de êxtase
do comungar dos seres, do sol e lua
indestrutível sintonia que paira no cosmo,
tal qual um eclipse perene de nós



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