6 de abril de 2010

clássico e conveniente



um clássico é sempre um clássico
assim o é as coisas que permanecem
com o passar do tempo
e perenizam-se entre as coisas fundamentais que se aplicam
e sobrevivem graças a capacidade que adquirimos
de plasmar da mesmice a essência
do algo que indubitavelmente satisfaz a alma
mesmo quando não há um prazer do corpo
e assim são ditas saudades imateriais
existe o fenecer de sonhos
para que ocorram as transformações e o entendimento
das coisas que não podem ser
e clássica é a sabedoria
de quem sabe o que habita na alma do outro fenecido
a diluir-se com efeito no ser que se guarda
a expressar-se nos olhares que migram o horizonte
ou no espírito, sobretudo àqueles que querem fugir do corpo
quando percebem que entre as coisas
fundamentais aplicadas com o passar do tempo
coabita um tudo
e com o passar do tempo é vero
o mundo sempre dará as boas vindas aos amantes
pois é fato verdade invencível
que o corpo de alguma forma
trai outro corpo quando se torna amante da alma de outro
entretanto uma alma jamais trai outra alma
no tempo que mede até mesmo as coisas que não existiram
mas que inexplicavelmente são inesquecíveis
mesmo que jamais tenham sido objetos explícitos de traições
sabem das loucuras que as renúncias podem provocar

amante



na penumbra do quarto
na penumbra do outro
na penumbra de si
a nudez do silêncio
risca o traço inevitável
e premeditado
do despertar de uma paixão

© Clivânia Teixeira