26 de outubro de 2012

Sobre o tempo

Reflexões sobre o tempo sempre me chamam a atenção, esta do escritor José Luis Peixoto em especial: /O tempo desloca-se dentro de si próprio movido pela angústia e pelo desejo.O tempo não tem vontade, tem instinto. O tempo é menos do que um animal a correr. Não pensa para onde vai. Quando pára,é a angústia ou o desejo queo obrigam a parar./(José Luis Peixoto). Saber que de alguma forma as coisas e os fatos se desgastam antes mesmo de acontecerem faz da existência algo vão, repleta de espaços vazios. Como não concluir isso em alguns momentos? Que fazer da sensação de inercia, de impotência e de não se ter a dimensão exata da vivência de alguns momentos que nos perscrutam com olhares interrogativos...

31 de julho de 2012

Se Não Falas

De quantas sílabas é feita a pergunta em silêncio? E me vem a resposta agreste no matiz preferido. A palavra silêncio haverá de ter mais que um significado, assim como a intensidade da presença. Esse algo tangível no íntimo da alma que NOS tem...
...Se não falas, vou encher o meu coração Com o teu silêncio, e agüentá-lo. Ficarei quieto, esperando, como a noite Em sua vigília estrelada, Com a cabeça pacientemente inclinada. A manhã certamente virá, A escuridão se dissipará, e a tua voz Se derramará em torrentes douradas por todo o céu. Então as tuas palavras voarão Em canções de cada ninho dos meus pássaros, E as tuas melodias brotarão Em flores por todos os recantos da minha floresta. (Rabindranath Tagore)

22 de julho de 2012

A Vida em Tons de Cinza

"No auge do inverno, finalmente percebi que dentro de mim havia um verão invencível." - (Albert Camus) Fatos da história ambientados na 2ª Guerra Mundial, sob o domínio de Stalin, o extermínio dos povos balticos, enviados aos milhares para os campos da Siberia.

28 de junho de 2012

Romance da Nuvem Pássaro

É a primeira vez que li um livro do poeta cearense Francisco Carvalho , fiquei encantada, de fato cada poema é uma asa que nos leva aos voos possíveis das palavras que nascem da contemplação, daquilo que se absorve com o âmago e que se destila um dia , numa hora de acaso em poesia...

18 de junho de 2012

DICA DE LIVRO: O Filho de Mil Homens



A ficção de um homem de 40 anos que contempla a vida e o vazio de não ter nenhum filho, boas concepções existenciais , onde se vive como que o se tem e tirando da dor o aprendizado para o crescimento a fim de se ser mais e melhor.

Um pouco sobre o autor Angolano Walter Hugo Mãe e seu Livro, "Filho de Mil Homens" na revista Cult http://revistacult.uol.com.br/home/2012/04/valter-hugo-mae-tem-novo-romance/ assim como vídeo que fala sobre o lançamento da obra: http://www.youtube.com/watch?v=1aIYO5CtF5k

10 de junho de 2012

Luz e Mistério

Verdadeiramente sigo encantada com todos os que habitam esse espaço entre a luz e o mistério. 
Definitivamente a mesmice do óbvio, a mediocridade da falta de originalidade, me exaure os sentidos.
Os ególatras são dignos de pena por que não sabem dizer nem mesmo da vastidão de si.
O conjugar sempre a primeira pessoa é como uma bússola, cujo norte é a apologia de si mesmo.
Sou grata por todos que cruzam a  minha existência e que me enchem os sentidos de um verdadeiro êxtase na alma.
A estes minha reverência com toda a plenitude que só a alma é capaz.
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30 de maio de 2012

DICA DE LIVRO:11º Mandamento

  Acabo de ler e recomendo 11º Mandamento, livro que retrata uma saga familiar ambientada na África e Estados Unidos.

O médico e autor Abraham Verghuese constrói com maestria os  personagens desta trama. É destes livros que deixam saudades quando acabamos a leitura.
 

7 de maio de 2012

Totalidade


 
Em tudo o que eu sou
Não sou e nem quero ser perfeita
Mas em tudo o que sou
E em tudo o que  eu faço
Escolho ser inteira


não é perfeição mas totalidade é o que se espera de você
(Jung)

29 de abril de 2012

DICA DE LIVRO:A Riqueza do Mundo

Eis um momento de vitória cada vez que findo a leitura de uma obra, desta vez - A Riqueza do Mundo, pelo olhar lúcido e por que não dizer pelas palavras metáforas da Lya Luft, que nesta obra fala sobre as pessoas, sejam como pais, adolescentes,  homens e mulheres, interagindo com a dinâmica da modernidade, com as transformações que descaracterizam os seres numa linguagem que lhe é peculiar de preservar a beleza no dizer do sentir.

18 de abril de 2012

Palavras e Silêncios

 

 

Gosto de ser dona do meu silêncio e reconheço que por vezes sou escrava de minhas palavras, mas, sobretudo gosto de construir as minhas próprias verdades.


17 de abril de 2012

Sobre o Relacionamento Humano



O relacionamento humano qualquer que seja ele, não é uma simples troca de favores.
Antes de tudo é um ato de doação com ética, respeito e, sobretudo confiança.
Relacionar-se não é um gesto de entrega com perfeição, mas sim com a  totalidade dos seres.
É abominável a relação entre os seres que se doam mais ou menos.

9 de abril de 2012

Cio Emocional

A rota das emoções
No norte do sentir
Um coração a bater
No corpo a pulsar
Um nome em suspiros
Nos subterfúgios dos lábios
O gesto intermitente
De não se perder
Na intimidade da alma

 

1 de abril de 2012

DICA DE LIVRO: O Silêncio - Shusaku Endo

Hoje finalizando este livro que saltou da estante numa busca despretenciosa dias atrás. A coincidência antes que mais alguém aponte é o fato deste romance ser sobre um padre jesuita português e sua missão idealista no Japão. Duas coisas me chamaram a atenção, o grande diálogo na observação interior feita pelo padre diante do silêncio divino nos momentos difíceis vivenciados e a compreensão sobre o papel de judas. É de admirar a presença dos portugueses em tantos momentos na história da humanidade. Interessante também as adaptações que o cristianismo vem passando para se adaptar às diversas culturas no ocidente e no oriente.Em breve nos cinemas com uma adptação de Martin Scorsese

25 de março de 2012

Diferente ou Indiferente, eis a questão?




Se não sigo a mesmice de alguns é por encontrar algo melhor pelas estradas da vida, caminhos que percorro na penumbra do íntimo a maior parte em silêncio e de mãos dadas com àqueles que de fato são aliados do meu pensar, do meu sentir, do meu ser por vezes diferente, ou indiferente. Eis a questão.

22 de março de 2012

Especiais aos Especiais

O que faz os seres humanos especiais uns aos outros é a capacidade que possuem de despertarem-se mutuamente acendendo as emoções da alma, não importa a hora!

11 de março de 2012

Talvez

Letra/poema maravilhoso de Vasco Graça Moura, musicado pelo guitarrista Mário Pacheco, e na esquina deste encontro nasce esta linda interpretação na voz de Carminho...



Talvez digas um dia o que me queres,
Talvez não queiras afinal dizê-lo,
Talvez passes a mão no meu cabelo,
Talvez não pense em ti talvez me esperes.

Talvez, sendo isto assim, fosse melhor
Falhar-se o nosso encontro por um triz
Talvez não me afagasses como eu quis,
Talvez não nos soubéssemos de cor.

Mas não sei bem, respostas não mas dês.
Vivo só de murmúrios repetidos,
De enganos de alma e fome dos sentidos,
Talvez seja cruel, talvez, talvez.

Se nada dás, porém, nada te dou
Neste vaivém que sempre nos sustenta,
E se a própria saudade nos inventa,
Não sei talvez quem és mas sei quem sou.

8 de março de 2012

A Noite Escura da Alma

O sentir tem o poder inexorável de quase possuir a alma do outro sem que ele assim se determine...E neste cenário dizer sobre esse sentir pesa na língua da alma



A noite sombria da alma (São João da Cruz)


Em uma noite sombria / A chama do amor estava a arder em meu peito
E, no clarão de uma lanterna / Fugi de casa enquanto todos dormiam

Encoberto pela noite / e pelo meu destino incerto rapidamente corria
O véu ocultava os meus olhos / Enquanto todos em casa repousavam como mortos.

– Refrão:
Ó, noite, tu fostes o meu guia
Ó, noite, mais adorável que o nascer do sol
Ó, noite, que uniu o amante à amada
Transformando cada um deles um no outro.

Adentro esta noite nevoenta / Em segredo, para além do espectro mortal
Sem um guia ou luz / Senão a que ardia tão profundamente em meu coração.

Esta chama que me guiava / Com brilho mais claro que o do sol do meio-dia
Para onde ele aguardava, imóvel / Era um lugar onde ninguém mais podia chegar

- Refrão

Dentro do meu palpitante coração / Que se guardou inteiramente para ele
Ele mergulhou no seu sono / Debaixo do cedros, todo o meu amor eu dei

E, pelos muros da fortaleza / O vento roçava seus cabelos contra a sua testa.
E com sua mão macia / Acariciava todos os meus sentidos possíveis

- Refrão

Eu me entreguei a ele / E repousei minha face nos seios do meu amor
A inquietação e a tristeza turvaram-se / Enquanto na névoa da manhã fazia-se a luz / E lá elas dissiparam-se por entre os belos lírios.

24 de fevereiro de 2012

Útero

Por vezes o mundo é a intimidade que habito
E o irmão mais próximo cabe na palma do universo
E o amor mais profundo tem a imensidão das galáxias
Por vezes escrevo teu nome em abismos, outras vezes
Em paraísos, mas sempre sempre
A eternidade és tu amanhã

₢ Clivânia Teixeira

Sinestesia


Da ponta da língua
A extremidade dos dedos
O meu sabor é você

₢ Clivânia Teixeira

Desde Já


Reverencio para sempre as almas prontas para a posteridade. É gratificante perceber que estas não estão e nem pouco são, regidas por metrias tais como tom de pele, moedas, quilogramas, centímetros, status ou crenças, mas são absolutamente mensuráveis numa medida chamada realização, ou seja definitivamente escrevem seu nome tecendo fatos na teia da vida.

23 de fevereiro de 2012

Ego humano é


É pena que alguns se percam nos abismos da vaidade, quando deveriam se deleitar às sombras das realizações.

₢ Clivânia Teixeira

As cantigas de amigo



De uma beleza impar, assim é a forma de dizer no feminino.

Esta trova foi escrita por D. Dinis, 6º Rei de Portugal, esposo da Rainha Santa Dona Isabel, o mesmo que fundou a Universidade de Coimbra e responsável pela existência dos pinhais de Leiria, segundo dizem o primeiro rei alfabetizado de Portugal.
Abaixo um pouco sobre este tipo de cantiga.

As cantigas de amigo

As cantigas de amigo são um tipo dentre as cantigas do Trovadorismo, poesias feitas para serem entoadas nas ruas acompanhadas por música. Compostas por trovadores, cantadas por eles mesmos ou apenas por cantores, os jograis; assim eram as cantigas portuguesas do século XIII.
No início deste século, Portugal vivia, sob o reinado de D. Afonso II, um período de desenvolvimento comercial e expansão econômica e a consolidação de uma sociedade extremamente religiosa católica e com resquícios e influências do domínio árabe na região. Já no final do século, o rei D. Dinis incentivou a cultura nacional, determinando que os documentos oficias fossem escritos em português e não mais em latim e criando a primeira universidade portuguesa, a Universidade de Coimbra.
Na literatura medieval havia a poesia lírica francesa, escrita em provençal, a poesia ibérica épica, em castellano, e a poesia ibérica lírica, em galego- português; é a esta última que as cantigas de amigo pertencem. Estas possuem um caráter local e, por comunicarem-se por via oral, são rítmicas e versificadas.
As cantigas de amigo eram compostas por homens usando a voz feminina, tratavam de temas femininos, como o da mulher só, cujo "amigo" (amado/amante) foi para a guerra ou para o mar, o da mulher abandonada e o da mulher feliz. Estas cantigas, provavelmente, são influência da literatura árabe, na qual um gênero de cantares é a regueifa, que usa temas femininos, escritos por homens como se fossem mulheres. Na maior parte das cantigas os trovadores usam a voz da mulher para transmitir o ponto de vista masculino sobre sentimentos e atitudes femininos e ironizar a mulher que tentava transgredir os padrões sociais, usando o tema do amor, da coita (ou sofrimento) e da morte por amor.
Na sociedade portuguesa do século XIII as mulheres, mesmo as damas da corte, não tinham um papel importante, ou mesmo um papel, na produção intelectual. A maioria delas nem sabiam ler e escrever, viviam para criação dos filhos e cuidar do marido, escolhido por seus pais, muitas vezes por interesses econômicos, eram mulheres mudas social e intelectualmente, não tinham o direito de expressar o que sentiam ou o que achavam sobre o mundo. Tinham apenas o dever de serem obedientes esposas e fervorosas católicas.
O pouco que sabemos sobre como, realmente, eram é por mulheres que desobedeceram a sociedade, como as trobairitz francesas, que dominaram a escrita e penetraram no mundo intelectual, escrevendo trovas e contos que demonstraram que as mulheres sentem, desejam e lutam pelos seus homens.


Lírica galego-portuguesa - língua falada em Portugal no sec. XIII e XIV

Fonte:http://www.filologia.org.br/viicnlf/anais/caderno09-29.html

22 de fevereiro de 2012

Maravilhoso Mundo do Vik Muniz

A extraordinária arte que faz do lixo um luxo, pelos olhos e sensibilidade desse grande artista que é o Vik Muniz.

Compartilho aqui o documentário completo, generosamente compartilhado pela Simone Pessoa, escritora de grande percepção que tem o dom de contemplar as coisas do mundo e dizer sobre essas coisas com maestria.

21 de fevereiro de 2012

Vera Sorriso




Existem pessoas que entram em nossas vidas como um raio a iluminar o sorriso.
Vera Mourão,um grande olhar que nos detém numa marca registrada: alegria de viver.
Sinceramente acredito que uma só vida não basta para desfrutar das pessoas especiais, e ainda bem que acredito em outras vidas.
Até um dia mulher sorriso, agradeço a Deus por ter tido a graça de cruzar o seu caminho.

15 de fevereiro de 2012

O Encanto dos Dias

é a caixa dos segredos
sangue a irrigar a alma
energia para cumprir a vida
invasão posse em silêncio
tempo de lapidar
um ao outro
dentro do coração

7 de fevereiro de 2012

A Fé Nossa de Cada Dia

Evito o quanto posso falar ou escrever sobre religião e eis que aqui não é o caso. Trata-se de uma abordagem simples e sem alardes sobre a diversidade dos caminhos que levam a Deus.

Tenho refletido acerca da fé, sem que isso seja alvo em meu ser de grandes inquietudes ou de buscas frenéticas, afinal parto de um ponto: acredito em Deus.

Costumo respeitar todos os credos e todos os que crêem, procuro abolir interferências invasivas sobre a minha forma de ser e estar na religiosidade e admiro as descobertas de todos em busca da espiritualidade.

Duas frases neste quesito me marcaram profundamente nos últimos tempos, a primeira delas dita por Shri Mataji Nirmala Devi, fundadora da Sahaja Yoga*: As religiões são pétalas de uma mesma flor. A segunda lida na biografia do Steve Jobs, onde ele expõe a seguinte reflexão: O cristianimo perde sua essência quando fica baseado demais na fé em vez de viver como Jesus ou ver o mundo como Jesus o viu. Acho que as diferentes religiões são portas diferentes para a mesma casa. As vezes, acho que a casa existe e às vezes não. É o grande mistério.

Citações ditas por pessoas que admiro profundamente e que vivenciaram este mundo, assim como eu vivencio.

Estas frases traduzem os caminhos polifurcados em busca de Deus, aqui me refiro a pluralidade dos caminhos e jamais a caminhos errados, até por que o resultado da trajetória do erro é o acerto e/ou o aperfeiçoamento interior, o qual contribui para a reforma íntima de todos os seres.

O direito de ser e estar dentro daquilo que se acredita é sagrado, e a meu ver é também percorrendo os múltiplos caminhos que chegaremos a esta Inteligência suprema que é Deus.

Concordo integralmente com Shri Mataji e ao contrário do Steve Jobs, acredito que a casa exista.

Possa Deus abençoar cada olhar que passar por aqui