O sentir tem o poder inexorável de quase possuir a alma do outro sem que ele assim se determine...E neste cenário dizer sobre esse sentir pesa na língua da alma
A noite sombria da alma (São João da Cruz)
Em uma noite sombria / A chama do amor estava a arder em meu peito
E, no clarão de uma lanterna / Fugi de casa enquanto todos dormiam
Encoberto pela noite / e pelo meu destino incerto rapidamente corria
O véu ocultava os meus olhos / Enquanto todos em casa repousavam como mortos.
– Refrão:
Ó, noite, tu fostes o meu guia
Ó, noite, mais adorável que o nascer do sol
Ó, noite, que uniu o amante à amada
Transformando cada um deles um no outro.
Adentro esta noite nevoenta / Em segredo, para além do espectro mortal
Sem um guia ou luz / Senão a que ardia tão profundamente em meu coração.
Esta chama que me guiava / Com brilho mais claro que o do sol do meio-dia
Para onde ele aguardava, imóvel / Era um lugar onde ninguém mais podia chegar
- Refrão
Dentro do meu palpitante coração / Que se guardou inteiramente para ele
Ele mergulhou no seu sono / Debaixo do cedros, todo o meu amor eu dei
E, pelos muros da fortaleza / O vento roçava seus cabelos contra a sua testa.
E com sua mão macia / Acariciava todos os meus sentidos possíveis
- Refrão
Eu me entreguei a ele / E repousei minha face nos seios do meu amor
A inquietação e a tristeza turvaram-se / Enquanto na névoa da manhã fazia-se a luz / E lá elas dissiparam-se por entre os belos lírios.
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