23 de fevereiro de 2012

As cantigas de amigo



De uma beleza impar, assim é a forma de dizer no feminino.

Esta trova foi escrita por D. Dinis, 6º Rei de Portugal, esposo da Rainha Santa Dona Isabel, o mesmo que fundou a Universidade de Coimbra e responsável pela existência dos pinhais de Leiria, segundo dizem o primeiro rei alfabetizado de Portugal.
Abaixo um pouco sobre este tipo de cantiga.

As cantigas de amigo

As cantigas de amigo são um tipo dentre as cantigas do Trovadorismo, poesias feitas para serem entoadas nas ruas acompanhadas por música. Compostas por trovadores, cantadas por eles mesmos ou apenas por cantores, os jograis; assim eram as cantigas portuguesas do século XIII.
No início deste século, Portugal vivia, sob o reinado de D. Afonso II, um período de desenvolvimento comercial e expansão econômica e a consolidação de uma sociedade extremamente religiosa católica e com resquícios e influências do domínio árabe na região. Já no final do século, o rei D. Dinis incentivou a cultura nacional, determinando que os documentos oficias fossem escritos em português e não mais em latim e criando a primeira universidade portuguesa, a Universidade de Coimbra.
Na literatura medieval havia a poesia lírica francesa, escrita em provençal, a poesia ibérica épica, em castellano, e a poesia ibérica lírica, em galego- português; é a esta última que as cantigas de amigo pertencem. Estas possuem um caráter local e, por comunicarem-se por via oral, são rítmicas e versificadas.
As cantigas de amigo eram compostas por homens usando a voz feminina, tratavam de temas femininos, como o da mulher só, cujo "amigo" (amado/amante) foi para a guerra ou para o mar, o da mulher abandonada e o da mulher feliz. Estas cantigas, provavelmente, são influência da literatura árabe, na qual um gênero de cantares é a regueifa, que usa temas femininos, escritos por homens como se fossem mulheres. Na maior parte das cantigas os trovadores usam a voz da mulher para transmitir o ponto de vista masculino sobre sentimentos e atitudes femininos e ironizar a mulher que tentava transgredir os padrões sociais, usando o tema do amor, da coita (ou sofrimento) e da morte por amor.
Na sociedade portuguesa do século XIII as mulheres, mesmo as damas da corte, não tinham um papel importante, ou mesmo um papel, na produção intelectual. A maioria delas nem sabiam ler e escrever, viviam para criação dos filhos e cuidar do marido, escolhido por seus pais, muitas vezes por interesses econômicos, eram mulheres mudas social e intelectualmente, não tinham o direito de expressar o que sentiam ou o que achavam sobre o mundo. Tinham apenas o dever de serem obedientes esposas e fervorosas católicas.
O pouco que sabemos sobre como, realmente, eram é por mulheres que desobedeceram a sociedade, como as trobairitz francesas, que dominaram a escrita e penetraram no mundo intelectual, escrevendo trovas e contos que demonstraram que as mulheres sentem, desejam e lutam pelos seus homens.


Lírica galego-portuguesa - língua falada em Portugal no sec. XIII e XIV

Fonte:http://www.filologia.org.br/viicnlf/anais/caderno09-29.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário