21 de fevereiro de 2010

amor e solidão

Um dia nos consideramos a obra mais perfeita da natureza, para num repente percebermos que há em nós uma incompletude tal que põe em cheque esta perfeição.Diante do amor não somos demasiadamente novos ou velhos, somos intrinsecamente a essência do que sentimos. Por isso devemos cuidar, pois que amar é o ato paradoxal de precisar visceralmente e ao mesmo tempo prescindir do outro acima de tudo, e isto é também abrir mão de um pouco do que somos. O ato de amar é por si algo que nos impõe ao reconhecimento de não sermos o bastante para nós mesmos, e ainda que sendo assim é nosso desejo bastarmos a quem amamos. Amar gera o desconforto de abrir mão do sermos plenos em nossa solidão, é perder um pouco da paz interior. Por amor nos pomos livres a caminhar tranqüilamente à margem de um desconhecido. É o amor que nos liberta para nossa própria desapropriação.

Fonte: Centopéia 12 - Exercício poético Luna & Amigos

© Clivânia Teixeira

2 comentários:

  1. e essa desapropriação ainda nos leva mais a estarmos mais connosco, com a nossa verdadeira Identidade. e não Ego.

    Grande abraço e obrigado pelo maravilhoso texto.

    Jorge Vicente

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  2. Tive que comentar este texto, concordo em gênero, número e grau com esta colocação, infelizmente muitas das vezes a quem amamos não se toca de que o amor também é isto "desapropriar-nos de nós mesmos", um beijo moça!

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